Claudia Andrade
Do UOL Notícias
Em Brasília*
Atualizada às 19h19
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou nesta quinta-feira (16) que o vírus da gripe suína está em circulação no Brasil, após o Ministério ter confirmado o primeiro caso de transmissão do vírus dentro do território nacional sem vínculo com o exterior.
"No acompanhamento que realizamos diariamente, até então, todos os pacientes confirmados no Brasil mantinham a característica de ter visitado países em que há circulação do vírus ou contato com pessoas que voltaram de viagens internacionais. No dia de hoje, confirmamos o primeiro caso de transmissão da influenza A (H1N1) no Brasil sem esse tipo de vínculo. Trata-se de paciente do Estado de São Paulo que morreu no último dia 30 de junho. Esse caso nos dá a primeira evidência de que o novo vírus está em circulação em território nacional".
O ministro confirmou ainda que chegou a 11 o número de mortos por gripe A no país: 7 no Rio Grande do Sul, 3 em São Paulo e 1 no Rio de Janeiro. De sete exames que tiveram resultado nesta quinta, o ministro disse que "pelo menos quatro pessoas tinham doenças clínicas preexistentes", o que pioram o quadro.
Só nesta quinta-feira (16), foram anunciadas sete mortes. "O Ministério da Saúde foi notificado hoje do resultado dos exames de cinco mortes que estavam em investigação no Rio Grande do Sul. Além disso, foi notificado da primeira morte no Rio de Janeiro de paciente com influenza A (H1N1) e de uma morte em São Paulo", disse Temporão.
Apesar da circulação do vírus no país, o ministro diz que a situação está sob controle. "Todas as estratégias que tínhamos que tomar para este momento já foram tomadas há quase três semanas. O Brasil se antecipou. Este é um fenômeno esperado na transmissão, particularmente com as características dos vírus influenza, que já vem ocorrendo em outros países".
Temporão reforçou que todos os casos graves serão tratados com a medicação adequada. "A confirmação serve para monitorar a doença, mas não para determinar o tratamento."
Repetiu ainda que os hospitais de referência "têm que estar disponíveis para os casos mais graves" e, por isso, as pessoas com quadro de gripe devem procurar os postos de saúde. A recomendação já tinha sido dada anteriormente, para se evitar uma superlotação nos centros de referência.
O médico Francisco Aoki, infectologista do Hospital das Clínicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), afirmou que as pessoas não devem mudar seu comportamento significativamente. "A vida tem que continuar, seguindo-se as recomendações de manter a higiene, evitar aglomerações quando possível e manter uma boa alimentação e hidratação para que haja resistência no caso de uma eventual infecção", disse.
O ministro negou a existência de exame clínico que dê o resultado sobre a gripe A em horas. "São exames extremamente complexos, caros, realizados por pouquíssimas instituições na América Latina. No Brasil, apenas 3 laboratórios fazem estes exames."
Vítimas
Hoje foram confirmadas cinco mortes no Rio Grande do Sul. Duas mortes foram confirmadas no início da tarde em Passo Fundo (RS), pelo secretário de Saúde do município, Alberi Grando. As duas mortes ocorreram na semana passada, mas apenas hoje o hospital recebeu a confirmação dos exames do laboratório Oswaldo Cruz, do Rio de Janeiro. As vítimas são dois homens que viajaram à Argentina.
A Secretaria Municipal da Saúde de Uruguaiana (RS) confirmou a terceira morte por gripe suína no Estado. A vítima é o caminhoneiro Dirlei Pereira, 35, que esteve na Argentina e ingressou na cidade de Porto Xavier (RS) no dia 29 de junho. Como já apresentava sintomas de gripe, foi retido pelo órgão de vigilância sanitária.
Outras duas mortes foram confirmadas hoje no município de Santa Maria. Um deles era um operador de manutenção do Hospital de Santa Maria. O homem, de 36 anos, também exibia outras condições de saúde que agravaram o quadro: ele era diabético, hipertenso e tinha cardiopatia. A morte aconteceu no sábado mas só teve a causa confirmada hoje. Até o momento, são sete óbitos pela doença no Rio Grande do Sul.
Também foi confirmada a primeira morte no Rio de Janeiro. A vítima é uma mulher de 37 anos, que morreu no dia 14 de julho, mas cujo resultado apontando a doença foi divulgado hoje. A mulher foi internada em um hospital privado por sete dias e apresentou sintomas no dia 2 (febre, mialgia, tosse, dor de garganta e cefaleia).
Ela procurou o hospital no dia 7. O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil investigam os contatos da paciente.
A outra morte ocorreu em Osasco, na Grande São Paulo, que já havia registrado a morte de uma menina de 11 anos. A Secretaria de Saúde do município confirmou a morte de um rapaz de 21 anos, que morreu no dia 11 de julho após ficar internado 10 dias com quadro de pneumonia. Ele não tinha histórico de doenças graves e chegou a dar entrada no hospital duas vezes antes da internação. Na primeira ocasião foi diagnosticado com gripe comum e na segunda vez, com o quadro agravado, começou a ser medicado com antibióticos. Segundo o município o segundo caso não tem relação com o primeiro.
Até o momento, são 1.175 casos da doença confirmados em todo o país. Já haviam sido confirmadas duas mortes em São Paulo e duas no Rio Grande do Sul. O Ministério da Saúde acompanha 3.926 casos suspeitos no país. As amostras com secreções respiratórias dos pacientes estão em análise laboratorial. Outros 1.837 casos foram descartados.
Segundo a última atualização da Organização Mundial de Saúde (OMS), há 119.344 casos da nova gripe em 122 países. O número de óbitos é de 591, com uma taxa de letalidade de 0,50%.
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