FÁBIO ZANINI
da Folha de S.Paulo, enviado especial a Johanesburgo
Hoje na Folha Há exatos três anos, quando suas chances de ser o próximo presidente da África do Sul pareciam perdidas, Jacob Zuma sentou-se no banco dos réus para depor num caso de estupro. Acabou absolvido, mas selou ali a ira eterna dos ativistas de combate à Aids a ele e a seu partido, o Congresso Nacional Africano (CNA). Leia a reportagem completa na edição de hoje da Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e UOL).
Aos juízes, Zuma, hoje prestes a ser eleito presidente, disse que sabia que a mulher tinha Aids, mas levou a relação sexual adiante, sem camisinha, porque "o risco de pegar Aids para o homem é mínimo". Arrematou dizendo que tomou uma ducha em seguida, porque isso reduziria ainda mais o risco.
A África do Sul é o país com o maior número de infectados pela Aids no mundo (quase 6 milhões, ou 18% da população adulta), e a perspectiva do criador da "terapia do chuveiro" ser eleito amanhã leva horror a ONGs especializadas. Pelas ruas centrais de Johanesburgo, há vários cartazes com pequenos chuveiros desenhados por opositores de Zuma junto a seu pôster de campanha.
"Batalhamos contra desinformação e preconceito. Em áreas rurais, homens veem Aids como bruxaria", diz Andrew Mosane, da principal ONG de Aids do país, a Treatment Action Campaign (TAC).
Na virada do século, a TAC promoveu uma batalha judicial de cinco anos até obter da Corte Constitucional do país, em 2002, a ordem para que o governo distribuísse de graça medicamentos antirretrovirais para os doentes, que ajudam a prolongar a vida.
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