quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Mosquitos ‘do bem’, contra a dengue, à solta no Rio

Há 4 horas

Moradora da comunidade de Tubiacanga (bairro na Ilha do Governador, zona norte do Rio de Janeiro) há 30 anos, a artesã Patrícia Figueiredo esperava há meses o grande momento: a soltura de milhares de mosquitos da espécie Aedes aegypti.
Mas estes não estavam infectados pelo vírus da dengue, e sim por uma bactéria chamada Wolbachia – que impede o vírus de se desenvolver e assim evita a sua transmissão.
A filha de Patrícia teve dengue três vezes nos últimos três anos – para ela, os mosquitos “do bem” trazidos pela Fiocruz são uma esperança para que o alto número de contágios na comunidade possa diminuir já a partir do ano que vem.
O bairro de Tubiacanga é o primeiro lugar do lado de cá do Atlântico a receber o projeto Eliminar a Dengue: Nosso Desafio, que busca reduzir a transmissão da dengue usando a Wolbachia. O sistema começou a ser testado na Austrália em 2011 e já chegou ao Vietnã e à Indonésia.

Método natural

A equipe da Fiocruz chegou à comunidade na quarta-feira com potinhos de plástico tapados por um véu, repletos de mosquitos.
Um a um eles foram abertos em diferentes partes do bairro, liberando os mosquitos para fazerem seu trabalho: crescer e multiplicar-se.
A meta é que os espécimes se adaptem e se reproduzam até que a maioria da população de mosquitos no local tenha a bactéria.
Método para combater a dengue é barato e sustentável
Ao longo dos próximos meses, 10 mil mosquitos serão liberados no bairro por semana.
Segundo o pesquisador da Fiocruz Luciano Moreira, líder do projeto no Brasil, a vantagem do método é usar uma bactéria comum, que está presente na natureza e não pode ser transmitida para humanos.
“O método é natural, seguro e autossustentável, porque a bactéria se estabelece e fica no local. E não tem fins lucrativos, então no futuro não haverá cobrança para levar mosquitos para outras localidades”, ressalta.
Além de Tubiacanga, a estratégia vai começar a ser testada na Urca, na Vila Valqueire e em Jurujuba, em Niterói. Os testes serão monitorados ao longo dos próximos dois anos. Se forem bem sucedidos, adotados em outras áreas.

Baixo custo

Diretor de Ciência e Tecnologia no Ministério da Saúde, Antonio Carlos Campos de Carvalho ressaltou a importância de se investir em pesquisa para resolver problemas de saúde pública.
“O custo é ínfimo em relação ao que se gasta para tratar doentes”, comparou.
De acordo com Carvalho, só neste ano o Ministério da Saúde já repassou R$ 300 milhões a estados e municípios para combater a dengue, enquanto o custo total do projeto nos últimos quatro anos foi de menos de R$ 3 milhões.
“Com o equivalente a 1% do investimento, podemos ter uma solução duradoura e ecologicamente correta para um problema de saúde pública”, considera.
No ano passado, o Brasil teve 1,5 milhão de casos de dengue, que causaram a morte de mais de 600 pessoas.

 

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

'Por que me voluntariei para testar a vacina do ebola'

Atualizado em  18 de setembro, 2014 - 15:54 (Brasília) 18:54 GMT
  •   Ruth Atkins (AFP)

Ruth Atkins foi a primeira voluntária a receber uma dose da vacina nos testes clínicos feitos no Reino Unido

Pouco depois de chegar a um hospital de Oxford, no sudeste da Inglaterra, uma mulher britânica de 48 anos tornou-se parte de uma batalha global contra a maior epidemia de ebola da história.
Funcionária do Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido, Ruth Atkins foi a primeira voluntária sem a doença a ter o material genético do vírus injetado em seu organismo.

O procedimento realizado na quinta-feira deu início aos testes feitos no país para se obter uma vacina contra o ebola. Atkins disse estar "perfeitamente bem".
"Ouvi no rádio que precisavam de voluntários e pensei na tristeza pela qual muitos estão passando no leste da África", explicou ela à BBC.
"Pensei no que poderia fazer quanto a isso, e participar dos testes da vacina é um gesto que, mesmo pequeno, pode ter um grande impacto."

Catástrofe

Ao menos 2,5 mil pessoas morreram até agora na epidemia de ebola, mas autoridades sanitárias temem que este número possa ser muito maior, já que muitos doentes não entram em contato com profissionais de saúde ou são detectados.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) advertiu que a epidemia pode se tornar uma catástrofe humana.
Além dos enormes custos humanos gerados pela epidemia, o Banco Mundial alertou recentemente sobre o "impacto catastrófico" que ela pode ter sobre as economias da Guiné, da Libéria e de Serra Leoa, os três países africanos mais afetados.
Atkins faz parte de um grupo de 60 voluntários que participam dos testes clínicos em curso na Universidade de Oxford. O mesmo vendo sendo feito nos Estados Unidos.
"Explicaram tudo muito bem", disse ela. "Eles me tranquilizaram e esclareceram os possíveis efeitos colaterais."
Segundo especialistas, os voluntários não correm o risco de serem infectados, porque a vacina contém apenas uma pequena porção do material genético do vírus, uma proteína do ebola, que é injetada no vírus do resfriado comum encontrado em chimpanzés.
"Se conseguirem criar a vacina e começarem a distribuí-la, isso fará uma grande diferença na vida das pessoas", opinou Atkins.
Ela terá que fazer um diário eletrônico nos oito primeiros dias após receber a vacina, detalhando sua temperatura corporal, sensações e possíveis reações do corpo.

Testes clínicos


Faixa contra o ebola (AP)
Ao menos 2,5 mil pessoas já morreram no leste da África na maior epidemia de ebola da história
A vacina foi desenvolvida por cientistas da Okairos, uma empresa de biotecnologia suíço-italiana comprada no início do ano pela farmacêutica britânica GlaxoSmithKline.
Riccardo Cortese, presidente da Okairos, explicou à BBC que os pesquisadores trabalham há seis anos na vacina em conjunto com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos.
"Nós a fabricamos e eles fizeram os testes em animais", disse Cortese à BBC. "Os resultados destes testes foram muito satisfatórios."
Cortese diz que, mesmo antes deste epidemia, já se havia decidido proceder rapidamente para o testes em humanos. "Isso foi acelerado ainda mais com a epidemia."
A Okairos está em contato com a GlaxoSmithKline para fabricar todas as doses para os testes realizados no Reino Unido e nos Estados Unidos e planejar os testes que serão feitos na África.
Alfredo Nicosia, diretor-científico da empresa, disse ser possível que a vacina esteja pronta "em alguns meses".
"Tudo ocorrerá mais rápido do que o normal, o mais rápido possível", afirmou.
Os testes determinarão se a vacina é segura e se provoca uma resposta imunológica adequada. A princípio, ela será provavelmente usada em grupos de alto risco.
Segundo a OMS, profissionais de saúde e de outras áreas que lidam diretamente com a epidemia serão os primeiros a recebê-la.
Segundo Benjamin Neuman, virologista da Universidade de Reading, que não participa dos testes, a vacina pode estar disponível em janeiro.
Mas ele advertiu que o sistema imunológico é complexo e que, mesmo se os testes clínicos forem bem-sucedidos, é difícil saber se a vacina funcionará.
"O verdadeiro teste será quando uma pessoa que a tiver recebido entrar em contato com o vírus na África."


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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Senegal anuncia que paciente com ebola está curado

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Epidemia de ebola na África provoca temor mundial162 fotos

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9.set.2014 - Médicos se preparam para tirar o quarto americano que foi infectado com o vírus ebola na África ocidental da ambulância na manhã desta terça-feira. Ele desembarcou em uma base aérea de Atlanta, nos Estados Unidos, e seguiu para o Hospital Universitário Emory, onde outros dois compatriotas foram tratados com uma droga experimental David Goldman/ AP
O jovem guineano que era o único caso confirmado de paciente com o vírus do ebola em Senegal está curado, de acordo com anuncio do ministério da saúde do país. 
Ao ser diagnosticado com ebola, o estudante foi encaminhado ao hospital Fann, na capital Dacar, onde recebeu atendimento e se recuperou. "Realizamos exames de controle em duas oportunidades. Não tem mais o vírus. Ele está curado", declarou o médico Pape Amadou Diack, diretor do departamento de saúde do ministério.
"Era um caso importado a Senegal. Assumimos e, graças a Deus, temos este resultado", completou Diack.
O Senegal, depois de vários alertas falsos, se tornou no fim de agosto o quinto país afetado pela epidemia de febre hemorrágica na África Ocidental, com a entrada do jovem guineano um pouco antes do fechamento das fronteiras com Guiné, em 21 de agosto.
Sessenta e sete pessoas que estiveram em contato com o paciente estão sendo monitoradas em Dacar, ainda segundo o ministério da Saúde. Até o momento ninguém apresentou sintomas.
O vírus ebola foi detectado na Guiné no início do ano e como tempo se propagou a Serra Leoa, Libéria e Nigéria.
A epidemia, a mais grave desde a identificação do vírus em 1976, provocou 2.296 mortes em 4.293 casos, segundo o balanço mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), do último sábado (6).

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