sábado, 30 de outubro de 2010

Respostas a 13 dúvidas sobre a superbactéria KPC

Infecção pode matar e tem se alastrado, fique atento e saiba como se prevenir

Por Ana Maria Madeira


Desde o ano passado, a superbactéria KPC (Klebsiella pneumoniae carbapenemase) começou a assustar os pacientes e médicos. De acordo com dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), 24 pessoas infectadas pela superbactéria morreram no Estado de São Paulo desde julho de 2009 - mesmo não se sabendo se todos os casos de morte foram causados pela bactéria. Nesse mesmo período, 70 casos de contaminação foram confirmados.

No Brasil, até o momento, já são 43 mortes associadas à KPC. No Distrito Federal, o número de contaminações é ainda maior - 183 casos, das quais 18 morreram. A KPC já apareceu em vários estados: São Paulo, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás e Santa Catarina.

A Anvisa prevê multa de R$ 1,5 milhão para farmácias que venderem antibióticos (remédios que atuam principalmente contra bactérias e fungos) sem reter a receita médica. Atualmente, a regra estabelece que o paciente apresente a receita médica, mas ele pode ficar com ela. Isso tudo é para conter o uso indiscriminado desse tipo de medicamento - apontado pelo Ministério da Saúde como um dos fatores do surgimento de organismos resistentes, como a KPC.

Outra resolução da agência obriga clínicas e hospitais a disponibilizarem álcool líquido ou em gel para médicos e enfermeiros limparem as mãos. Mas o que fazer para prevenir-se contra a doença? Quais são os riscos? Confira abaixo 13 dúvidas esclarecidas pela infectologista Ana Cristina Gales, da Unifesp.  
1 - O que é a bactéria KPC?
KPC não é o nome da bactéria, mas de uma enzima produzida por ela, que é capaz de inativar os antibióticos mais potentes disponíveis para o tratamento de infecções graves, principalmente aquelas adquiridas no ambiente hospitalar.

2 - Ela é chamada de superbactéria? Por quê?

As superbactérias só são assim denominadas quando produzem uma enzima tão potente capaz de inativar a eficácia de outros antibióticos, limitando, assim, as possíveis opções para o tratamento de infecções graves.

3 - A KPC é uma mutação?
Não se trata de uma mutação. "Ninguém sabe ao certo como a primeira dessas bactérias surgiu, mas acredita-se que o uso dos antibióticos do tipo carbapenens, de uso comum, favoreceu sua aparição, mas ninguém sabe a origem do gene, nem como isto ocorreu exatamente", diz a especialista.
Médico - Foto: Getty Images
4 - Qual a velocidade de reprodução dessa bactéria?

As bactérias como as KPC, geralmente se multiplicam muito rápido, duplicando de número a cada 20 minutos.

5 - Qualquer pessoa pode ser infectada pela KPC? Há grupo de risco?
As pessoas que estão hospitalizadas, ou em contato com ambiente hospitalar têm maiores riscos. "Porém, pacientes hospitalizados em UTI's com doenças debilitantes como câncer ou com transplante, e que receberam antibióticos apresentam maior risco de ser contaminado com a bactéria", diz Ana.

6 - Como ocorre a transmissão entre as pessoas?
A transmissão ocorre por meio do contato direto, como tocar a outra pessoa, ou por contato indireto, por meio do uso de um objeto comum, por exemplo. Assim, é bom evitar tocar superfícies de hospitais, como camas, portas e paredes. Para evitar a maior proliferação, não tome antibióticos por conta própria e siga as orientações médicas. Caso precise entrar em contato com pacientes, lave bem as mãos antes e depois.
7 - A KPC está espalhada nas ruas ou em qualquer ambiente?

Até o momento, as bactérias produtoras de KPC foram observadas somente em pacientes hospitalizados ou que estiveram no ambiente hospitalar. "No ambiente, provavelmente esta bactéria teria menos chance de sobreviver quando "competisse" com outras, pois não criou ainda resistência", explica a médica.

8 - Quais são os maiores riscos?

O maior risco reside na não detecção da superbactéria, o que pode ocorrer com frequência por ser um organismo ainda desconhecido, causando eventual tratamento inadequado do paciente, o que aumenta as chances de morte do paciente.

9 - Como é feito o diagnóstico?
Existem testes especiais feitos caso o paciente apresente sinais e sintomas de infecção urinária, por exemplo. O médico irá solicitar exames urina e o antibiograma, que é o teste realizado para confirmar se a bactéria é sensível ou resistente a determinado antibiótico. "Por outro lado, se quero saber se um paciente está contaminado com a bactéria porque está ao lado de um paciente infectado por esta bactéria ou colonizado (que tem a bactéria no organismo, mas não apresenta infecção), solicitamos a realização de outro exame, o swab retal (introdução de um "cotonete"), para que seja avaliado se há o crescimento desta bactéria", afirma a especialista.
10 - Quais procedimentos devem ser adotados se houver o diagnóstico positivo?

Independentemente de o paciente estar infectado ou colonizado no ambiente hospitalar, ele será isolado em um quarto, as visitas serão restringidas, os profissionais da área saúde que o atenderem usarão medidas de barreira como avental e luvas que deverão ser desprezados antes de saírem do quarto do paciente. Se possível, estes profissionais não deverão prestar atendimento a pacientes não infectados ou colonizados, para não contaminá-los também.

11 - Como é o tratamento?

A maioria das amostras de KPC encontradas até agora são sensíveis aos antibióticos como aminoglicosídeos, polimixinas e tigeciclinas. "Porém, existe o risco de a bactéria desenvolver resistência a estas drogas, ou de o gene ser adquirido por uma espécie bacteriana que é naturalmente resistente à tigeciclina ou às polimixinas", diz Ana.

12 - Os hospitais devem fazer exames específicos nas pessoas em geral?

Não, uma vez que não existem casos de infecção fora dos quadros de risco descritos no país.

13 - Como posso me prevenir?

A lavagem das mãos, com sabão ou álcool gel, é a medida mais simples, mais barata e mais eficaz no controle da disseminação de das bactérias. Além disso, os profissionais de saúde devem manter todo o protocolo de medidas preventivas. 

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Antibiótico passa a ser vendido só com receita

Farmácias deverão reter a prescrição do medicamento; decisão vale a partir do dia 28 de novembro e é bem avaliada por médicos



Marici Capitelli e Mariana Lenharo - O Estado de S.Paulo

A partir do dia 28 de novembro não será mais possível comprar antibióticos sem prescrição médica. Isso porque as farmácias terão de ficar com uma via da receita e a outra será entregue ao paciente, carimbada. O prazo para comprar o medicamento será de dez dias, contando da data da emissão. A decisão é da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a resolução foi publicada ontem no Diário Oficial da União.
Os infectologistas concordam com a medida. Na avaliação deles, o uso indiscriminado do remédio cria bactérias resistentes. Mas alguns profissionais da saúde acreditam que a medida não é viável no País por causa da dificuldade de acesso aos serviços médicos.
Nédia Maria Hallage, professora de infectologia da Faculdade de Medicina do ABC, diz que a decisão é uma medida de saúde pública. "As receitas têm de ser retidas. Hoje as pessoas nem estão doentes e tomam antibiótico. É o balconista quem prescreve." Ela diz que há quase 20 anos os infectologistas pedem maior controle na venda do remédio.
Sérgio Craff, médico toxicologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), diz que a lei já determina que as vendas sejam feitas com receita. "Estamos criando uma lei para fazer valer o que já existe." Para ele, deveria ocorrer uma fiscalização mais efetiva nos estabelecimentos. As farmácias terão 30 dias para se adaptar à medida.
Sérgio Mena Barreto, presidente executivo da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), afirmou que do ponto de vista técnico a resolução é correta. "Mas na prática isso terá um impacto muito grande na vida da população, porque moramos em um País que não garante o acesso aos serviços médicos. Até para quem tem convênio existe restrição de consultas", diz.
Os laboratórios terão 180 dias para fazer as mudanças nas caixas e bulas dos antibióticos.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

CNT/Sensus: Dilma lidera com 51,9% e Serra tem 36,7% (Postado por Erici Oliveira)


A vantagem de Dilma para Serra aumentou de cinco pontos porcentuais da pesquisa anterior para 15,2 pontos agora

AGÊNCIA BRASIL


No levantamento anterior, Dilma Rousseff tinha 46,8% eJosé Serra, 41,8%
São Paulo - A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, tem 51,9% das intenções de voto, ante 36,7% de seu adversário, o tucano José Serra, segundo pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta manhã.
A vantagem de Dilma para Serra aumentou de cinco pontos porcentuais da pesquisa anterior, na semana passada, para 15,2 pontos agora. No levantamento anterior, Dilma tinha 46,8% e Serra, 41,8%.
Ao se considerar somente os votos válidos - o que exclui nulos e brancos e se redistribui os indecisos proporcionalmente, Dilma tem 58,6% e Serra, 41,4%. A rejeição à candidata petista caiu de 35,2% da pesquisa anterior para 32,5%. Já a rejeição a Serra subiu de 39,8% para 43%.
O levantamento, com margem de erro de 2,2 pontos porcentuais, foi feito com dois mil eleitores, entre os dias 23 e 25 de outubro, em 136 municípios e foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número 37609/2010.

sábado, 23 de outubro de 2010

Medidas simples podem evitar contaminação por superbactérias

O surto de contaminação pela superbactéria Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) poderia ser evitado por medidas simples adotadas pelos hospitais, como obrigar as pessoas a lavarem as mãos ao visitar os pacientes.

A sugestão é da bióloga Ana Paula Carvalho Assef, do Laboratório de Pesquisa em Infecção Hospitalar, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), unidade credenciada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para confirmar os casos de KPC no país.

“São as medidas básicas de controle de infecção, como lavar as mãos antes e depois de entrar em contato com o paciente.

A comissão do hospital deve estar alerta para esse tipo de coisa e orientar os visitantes e toda a equipe clínica que esteja tratando esses pacientes”, afirmou.

A bióloga ressaltou que esses cuidados básicos evitam contaminações perigosas e que geram altos custos para serem tratadas.

“Você fica sem opção de tratamento e as alternativas para combater essas bactérias são antibióticos tóxicos e muito mais caros.”

Segundo ela, a KPC foi identificada em 2001, nos Estados Unidos, a partir de uma amostra de 1996.

Nos anos de 2003 e 2005, ela provocou surtos em Nova York e depois se espalhou pelo mundo, com casos registrados na Argentina, Colômbia, em Israel e outros países.

Apesar da grande expansão da KPC, a bióloga da Fiocruz afirmou que não há riscos de haver uma contaminação generalizada da população, pois a bactéria é inerente ao ambiente hospitalar, onde há um grande número de pacientes debilitados, com procedimentos invasivos e recebendo altas cargas de antibióticos.

“Uma pessoa saudável não vai se infectar por essa bactéria, nem vai haver um surto de KPC na comunidade.

É um problema dos hospitais que deve ser controlado.

É preciso cuidado para a comunidade não servir de veículo para levar a bactéria a pacientes debilitados.”

Ana Paula Carvalho Assef explicou que a KPC é uma bactéria comum, presente no sistema digestivo de quase todas as pessoas, mas que nos últimos anos adicionou uma informação nova ao seu DNA, passando a produzir uma enzima, a carbapenemase, que destrói a maior parte dos antibióticos, garantindo resistência.

A bióloga considerou positivo o controle que o Ministério da Saúde quer implantar sobre a venda de antibióticos no país, a fim de evitar que as pessoas comprem os medicamentos sem receita médica e sem conhecimento da correta administração.

Um dos motivos da resistência de bactérias é justamente o fato de o tratamento não ser seguido até o fim, abandonado quando se nota as primeiras melhoras.

Outro problema, segundo Ana Paula Carvalho Assef, é o excesso de antibióticos utilizados na criação de animais de corte, que acabam sendo ingeridos pelos seres humanos no consumo de carnes, ovos e leite.

Além disso, há o problema dos antibióticos jogados no esgoto pelos hospitais e nos lixões, que contaminam o meio ambiente.

“Tudo isso junto faz com que as bactérias resistentes sejam selecionadas e vai aumentando cada vez mais a multirresistência”, alertou.

Da Agência Brasil

A bactéria que preocupa o Brasil

SAÚDE > PAÍS TENTA FREAR O AVANÇO DA KPC, QUE É RESISTENTE A DIVERSOS ANTIBIÓTICOS
Michelle Treichel
carneiro: tratamento mais difícil

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Depois da efervescência em torno da Influenza A (H1N1), agora uma das maiores preocupações da saúde no País recai sobre a chamada “superbactéria” KPC (Klebsiella pneumoniae), produtora de carbapenemase. O micro-organismo é resistente a quase todos os antibióticos e já causou mortes em alguns estados brasileiros, além do Distrito Federal. As incidências são registradas, na maioria dos casos, em hospitais no caso de pacientes com longo tempo de internação e que realizaram procedimentos invasivos.

Conforme o médico infectologista Marcelo Carneiro, mestre em Microbiologia e professor do curso de Medicina da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), a KPC desenvolveu uma maneira de ficar resistente aos antibióticos. “Isso diminui as opções de tratamento das infecções por esses agentes”, esclarece. O especialista destaca que, como qualquer outra infecção, os efeitos no organismo são decorrentes da reação inflamatória entre o agente e o hospedeiro. “A presença desse mecanismo de resistência é que dificulta o tratamento e a escolha do antibiótico.”

Para o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), a proliferação da KPC é inevitável. Nesse sentido, cresce a necessidade de prevenção. Segundo Carneiro, as bactérias podem sofrer alterações nas pessoas doentes, e a transmissão ocorre, especialmente, por meio das mãos – quando não higienizadas adequadamente. “Assim como na gripe A, a adoção de medidas simples diminui a disseminação dos agentes.” As pessoas mais expostas são aquelas com saúde debilitada, que estão internadas em hospitais e clínicas de repouso.

No entanto, a “superbactéria” também pode atingir a população fora das unidades de saúde. Por isso, além dos cuidados com a higienização correta das mãos, é imprescindível evitar o uso de medicamentos sem prescrição médica, especialmente a utilização indiscriminada de antibióticos que é o que torna as bactérias mais resistentes. Esta semana, o ministro da Saúde, José Temporão, enfatizou que o governo quer regulamentar a venda desses medicamentos.



ESTADO

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está concluindo uma nova regulamentação a partir da qual o acesso a antibióticos nas farmácias só vai poder se dar por intermédio da receita médica. Ela deve fica retida para evitar que o paciente possa comprar novamente o medicamento sem acompanhamento médico. “O autoconsumo, o consumo irresponsável e a má prescrição é que levam a uma situação como essa.” O ministro ainda acredita que a infecção também pode ter se disseminado por causa de falhas no processo de controle de infecção hospitalar.

A presença de KPC já foi confirmada em diversos estados, como Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Paraíba, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Em território gaúcho, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), por meio da Divisão de Vigilância Sanitária, faz um alerta em relação à bactéria. Segundo a nota, os hospitais devem implementar medidas de prevenção e controle de infecção, bem como estratégias de monitoramento de infecções por germes multirresistentes. A Coordenação de Vigilância em Saúde de Porto Alegre confirmou que desde 2008 o agente é detectado nos hospitais da Capital, mas sem o desencadeamento de surtos e registros de óbitos em pacientes.



Superbactéria?

Conforme o infectologista Marcelo Carneiro, a KPC não deve ser chamada de superbactéria. Isso porque os mecanismos de resistência são esperados em todos os tipos de bactérias. O problema de multirresistência a antimicrobianos, como o induzido pela KPC, ocorre com outros agentes também com um impacto grande, mas sem divulgação na mídia. “Portanto, chamá-la de super é alarmista e, assim, perde-se o momento para discutir questões mais importantes, como prevenção de transmissão com a higienização das mãos.”
 

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Anvisa discute medidas contra superbactéria KPC

Especialistas vão debater os recentes casos de infecção provocados pela Klebsiella pneumoniae carbapenemase

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) realiza hoje, em Brasília, uma reunião com microbiologistas e infectologistas de todo o país para discutir as infecções hospitalares provocadas por bactérias resistentes a antibióticos. Será das 9h às 17h, na sede da Anvisa, no Setor de Indústria e Abastecimento.

No encontro, os especialistas vão debater os recentes casos de infecção provocados pela Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC), enzima que tem funcionado como novo mecanismo de resistência em algumas bactérias.

Em pauta, ainda, medidas de contenção e prevenção de novos casos, padronização de conceitos, diagnóstico, métodos de identificação dessas bactérias, seleção de laboratórios estaduais de referência e fluxos de notificação das infecções.

DF eleva número de mortes por superbactéria para 18

Mais três mortes pela superbactéria KPC foram confirmadas pela Secretaria da Saúde do Distrito Federal, fazendo o número de óbitos subir de 15 para 18. Por causa da superbactéria, houve crescimento da demanda por materiais descartáveis e de higiene, levando ao desabastecimento do estoque no DF.

Para fazer a reposição, o governo anunciou que gastará R$ 10 milhões em caráter emergencial. De janeiro até 15 de outubro foram registrados 183 casos de contaminação, das quais 46 tiveram infecção.
AGÊNCIA BRASIL

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Superbactéria já matou 18, em hospitais do país

Uso indiscriminado de antibióticos é apontado pelos médicos como a principal causa da infecçãoUma superbactéria que infecta pacientes nos hospitais e internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) está espalhando medo no Distrito Federal e em São Paulo. Em SC, não há registros sobre a infecção.



Em Brasília, 135 pessoas estão infectadas com a bactéria. Na capital paulista, estima-se que 90 pessoas já foram contaminadas desde o início do ano. Pelo menos 18 pessoas morreram por causa da infecção, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).



O uso indiscriminado de antibióticos é a causa da infecção pela Klebsiella pneumoniae Carnapenemase (KPC), conforme especialistas. As autoridades de saúde alegam que a ingestão descontrolada dos medicamentos baixa a imunidade dos pacientes, o que facilita a contaminação pela superbactéria. A KPC é a mutação genética de uma bactéria que existe no corpo humano e que, em geral, é inofensiva. Ao sofrer a mutação, torna-se resistente à maioria dos antibióticos que deveriam destruí-la.



O primeiro caso foi no Recife em 2006. Depois, outros foram registrados no Distrito Federal, Paraíba, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná. Novos casos estão sendo investigados no Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.



O Ministério da Saúde alerta que a higiene é a forma mais eficaz de evitar a infecção. Recomenda-se lavar bem as mãos sempre que sair de um hospital, passar álcool e usar luvas e máscaras para evitar o contágio. Para conter o avanço da KPC em outras áreas do país, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai editar novas regras que dificultarão a venda de antibióticos nas farmácias brasileiras.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Sobe para 135 número de casos com a superbactéria no Distrito Federal (Danuza Peixoto)

Lisiane Wandscheer

Da Agência Brasil

Em Brasília O número de casos suspeitos de contaminação pela bactéria Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase (KPC) no Distrito Federal subiu de 108 para 135. Desse total, 48 pacientes permanecem internados em 16 hospitais, dos quais nove são públicos e sete, privados. A informação é da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. A bactéria KPC é um organismo resistente a antibióticos.



A Gerência de Investigação e Prevenção das Infecções da secretaria, responsável pelo levantamento da situação nos hospitais, confirmou 15 mortes relacionadas à infecção. Havia a suspeita de que 18 óbitos de pacientes hospitalizados tivessem sido provocados pela bactéria, mas a secretaria informou que três foram descartados.



No Hospital de Base de Brasília (HBB) há 23 casos de pacientes com a bactéria. As pessoas que desenvolveram a infecção são doentes graves da terapia intensiva, da neurocirurgia ou politraumatizados.



Segundo o diretor do HBB, Carlos Schmin, foi preciso fazer um remanejamento no hospital para dar maior segurança dos pacientes. “Estamos fazendo um esforço para controlar o contágio pela bactéria. Dividimos o hospital em quatro alas, uma para pessoas que tiveram contato com pacientes com a bactéria, outra para os pacientes com o quadro infeccioso, outra para os portadores e uma para as pessoas que chegam ao hospital”, disse.



Segundo o diretor, a superbactéria, que surgiu em 2000 nos Estados Unidos, é hoje uma preocupação mundial. De acordo com ele, o micro-organismo está presente tanto em hospitais públicos como privados, em vários estados brasileiros. “O Pronto-Socorro do Hospital de Base recebe diariamente de 6 mil a 7 mil pessoas, o que aumenta o risco. Temos reforçado o cuidado com a higienização e impedido o contato com pacientes suspeitos para evitar novos contágios”, afirmou.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Hospitais serão obrigados a notificar Anvisa sobre casos de superbactérias

Lígia Formenti/BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

Os hospitais serão obrigados a comunicar às autoridades sanitárias a ocorrência de infecção por superbactérias entre seus pacientes. A medida integra o Plano Nacional de Microagentes Multirresistentes, um projeto em elaboração desde o início do ano, mas que foi apressado diante do recente avanço no País da KPC, uma superbactéria resistente à maior parte dos antibióticos disponíveis no mercado.
CELSO JUNIOR/AE-8/10/2010
CELSO JUNIOR/AE-8/10/2010
Alerta. Cartaz apresenta informações para pacientes sobre as precauções contra bactérias resistentes a antibióticos no Hospital Brasília, no Distrito Federal
O plano está sob coordenação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e tem como meta controlar a propagação das superbactérias. No caso da KPC, os pacientes já debilitados não respondem ao tratamento tradicional e precisam tomar drogas altamente tóxicas ou que, por serem muito caras, nem sempre estão disponíveis na rede pública.
Atualmente, os hospitais não são obrigados a comunicar à vigilância sanitária casos de bactérias multirresistentes. O episódio da KPC, por exemplo, reflete essa lacuna. A Anvisa foi notificada sobre surtos provocados pela superbactéria em hospitais do Distrito Federal. Mas os próprios integrantes da agência reconhecem que há vários outros casos no País.
Como revelou o Estado no sábado, só no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-USP) há pelo menos 70 registros de pacientes que apresentaram, desde 2008, a infecção. O Laboratório de Pesquisa de Resistência Bacteriana da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), já confirmou KPC em amostras vindas de João Pessoa, Recife, Vitória, Rio e Rio Grande do Sul.
"O problema é que muitos hospitais não têm condições de fazer o diagnóstico. São poucos os laboratórios de microbiologia que apresentam condições adequadas de funcionamento no País", afirma a coordenadora-chefe do Grupo de Controle de Infecção Hospitalar do HC, Ana Sara Levin. Levantamento feito pela agência em 2007 em 467 laboratórios revelou problemas graves, como falta de equipamento básico, pessoal capacitado para fazer controle de qualidade e segurança. Para autores do relatório, as graves deficiências fazem com que resultados dos exames, em muitos locais, não sejam confiáveis. "Temos centros de excelência no País, como o próprio HC, mas isso é exceção", afirma Ana Sara.
Plano. A chefe da Unidade de Investigação e Prevenção e Efeitos Adversos da Anvisa, Janaína Sallas, concorda que há muito o que melhorar na infraestrutura. "Mas o plano trará um diagnóstico das necessidades dos laboratórios. Com previsão para investimento nesta área", diz. Um estudo piloto foi feito a partir de 2004 em 145 hospitais de referência no País. Deficiências foram encontradas e, de acordo com Janaína, várias melhorias foram realizadas.
O problema será encontrar mecanismos para garantir a melhora de toda rede. São 1.144 hospitais que têm pelo menos 10 leitos de UTIs. "A meta será melhorar o fluxo de informação e trazer todas as condições para que laboratórios de referência tenham condições de atender adequadamente a demanda, que irá crescer", diz Janaína.
Preparado pela área técnica, o plano será apresentado para direção da Anvisa e para o Ministério da Saúde. Hospitais que não comunicarem às autoridades sanitárias serão punidos por lei.