De acordo com o
The Independent, Yoshiro Kawaoka, um pesquisador da Universidade de Wisconsin-Madison, nos EUA, desenvolveu uma nova cepa do vírus da gripe capaz de passar completamente despercebida pelo sistema imunológico dos seres humanos. Baseado no H1N1, que matou cerca de meio milhão de pessoas há poucos anos, o novo vírus poderia potencialmente aniquilar a população do planeta.
Segundo Kawaoka — que realizou os trabalhos em um laboratório classificado com um modesto “nível 2” de biossegurança —, a nova cepa foi desenvolvida durante uma pesquisa na qual o cientista pretendia converter o H1N1 até seu estado pré-pandêmico. A intenção era analisar e monitorar as mutações sofridas pelo vírus e, então, depois de entender os processos genéticos envolvidos, trabalhar na criação demelhores vacinas.
Cientista maluco?
O pesquisador foi selecionando mutações específicas do H1H1 capazes de escapar da ação neutralizadora dos anticorpos do sistema imunológico, repetindo esse processo até conseguir criar um vírus contra o qual os seres humanos são completamente indefesos. Atualmente, a maioria das pessoas desenvolveu certo grau de imunidade contra o H1N1, o terrível agente que provocou a morte de milhares de doentes em 2009.
Isso significa que hoje a gripe provocada pelo H1N1 já pode ser tratada como uma doença menos perigosa. No entanto, apesar de o objetivo da pesquisa ser o desenvolvimento de melhores vacinas, depois da divulgação da notícia sobre e estudo realizado por Kawaoka, alguns cientistas conscientes das suas implicações estão aterrorizados.
Segundo o
The Independent, a preocupação está no fato de Kawaoka ter recebido permissão para remover a única defesa que temos contra um vírus que já demonstrou sua capacidade de provocar pandemias mortais. Os detalhes sobre a pesquisa ainda não foram divulgados, mas o cientista informou que os estudos já foram finalizados e estão prontos para serem enviados para aprovação e posterior publicação em um periódico científico.
Brincando com o perigo
Aliás, esta não é a primeira vez que Kawaoka choca a comunidade científica com seus estudos. Em trabalhos anteriores, o pesquisador tentou recriar o vírus de 1918 que provocou a Gripe Espanhola — que infectou meio milhão de pessoas e matou um número estimado entre 50 e 100 milhões — e trabalhou em um projeto para aumentar a transmissibilidade de uma cepa altamente mortal da gripe aviária.
Desta vez, Kawaoka basicamente utilizou um vírus capaz de provocar pandemias e o tornou resistente a qualquer tipo de vacina. Portanto, se os trabalhos anteriores do cientista eram perigosos, a pesquisa atual vem sendo considerada pela comunidade científica com maluca. Isso sem falar que o estudo foi conduzido em um laboratório cujo nível de biossegurança não é o mais alto.
A Universidade de Wisconsin-Madison garantiu que o risco de que o vírus escape acidentalmente é extremamente baixo, mas integrantes do comitê de biossegurança da instituição já demonstraram preocupação, visto que quando a pesquisa de Kawaoka foi aprovada, os membros supostamente não teriam sido informados sobre alguns detalhes importantes do estudo.
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