10/06/2008
Lawrence K. Altman
A pouca atenção dispensada à disseminação da tuberculose está minando os ganhos recentes obtidos contra o vírus causador da Aids, informaram na segunda-feira (09/06) autoridades da Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo estes especialistas da área médica, que falaram na primeira reunião das Nações Unidas para a discussão da interação entre estas doenças, atualmente a tuberculose e a Aids têm um caráter epidêmico em várias áreas do mundo, e as duas doenças infecciosas precisam ser combatidas juntas.
Os especialistas da ONU disseram que a tuberculose, uma doença transmitida pelo ar, é a mais importante complicação médica decorrente de infecção pelo HIV, o vírus causador da Aids. A tuberculose é também o maior causador de óbitos entre os indivíduos infectados pelo HIV na África, e uma das principais causadoras de mortes em outras regiões do mundo.
Jorge Sampaio, ex-presidente de Portugal que atua na ONU como enviado especial para o combate à tuberculose, afirmou que ele e o secretário-geral Ban Ki-moon organizaram a reunião na sede da ONU com o objetivo de angariar apoio político para "um problema bastante negligenciado".
Além disso, disseram os especialistas da Nações Unidas, devido ao alastramento contínuo da tuberculose resistente a medicações, os profissionais da área de saúde relutam cada vez mais em cuidar dos pacientes infectados pelo HIV.
O médico Kevin M. DeCock, diretor do departamento de HIV da Organização Mundial de Saúde (OMS), uma agência da ONU, afirmou que esses profissionais precisam aceitar o risco reduzido de adquirirem o HIV através de agulhas e sangue contaminados. "Porém, temos uma situação bem diferente quando se corre risco ao compartilhar o ar com pacientes portadores do HIV e que padecem de uma variedade de tuberculose resistente a drogas comuns e especiais ", acrescentou DeCock. "Isto pode modificar a forma como os profissionais da área de saúde encaram a questão dos cuidados dispensados aos pacientes com Aids".
Como a tuberculose é freqüentemente neglicenciada, as pessoas infectadas, mas que não apresentam sintomas, muitas vezes deixam de receber o medicamento, o isoniazid, que poderia ajudar a prevenir a evolução da doença.
"Pelo menos 700 mil casos de tuberculose surgem entre indivíduos infectados pelo HIV a cada ano, e neste ano calcula-se que 230 mil pessoas infectadas morrerão de tuberculose. Este número inclui muitos que receberam drogas anti-retrovirais que podem conter o HIV, mas que não receberam os medicamentos que geralmente podem curar a tuberculose não resistente a essas drogas", afirmou o médico Mario C. Raviglione, diretor de controle da tuberculose da OMS.
Quase mil casos da forma de tuberculose mais resistente aos medicamentos foram detectados na África do Sul. Casos adicionais foram identificados em diversos graus em outros países.
DeCock comparou a atual situação no sul do continente africano ao reconhecimento da tuberculose resistente a remédios na cidade de Nova York e em regiões da Flórida no final dos anos oitenta e início dos noventa.
Segundo DeCock, todas as formas de tuberculose podem ser transmitidas para qualquer um, portador do HIV ou não, e a doença pode se disseminar em âmbito local e regional, e também para regiões mais distantes por meio de viagens aéreas.
Os perigos da transmissão da tuberculose resistente foram alvo de atenção generalizada na Conferência Internacional sobre a Aids de 2006, em Toronto. Lá, os pesquisadores anunciaram um surto recente da forma mais resistente da doença, que matou 52 dos 53 pacientes internados em um hospital rural na África do Sul.
O tratamento da tuberculose resistente a drogas é caro e difícil. Alguns pacientes podem ser tratados com sucesso por meio de combinações de drogas, após diversos exames laboratoriais para identificar a bactéria causadora da infecção. Mas tais testes geralmente só encontram-se disponíveis nos países ricos.
Um problema especial é que, em 2006, no mundo inteiro, somente 12% dos pacientes com tuberculose passaram também por exames para determinar se havia a presença do HIV. Na África este índice foi de 22%. Mas Raviglione observou que há alguns sinais de progresso. Segundo ele, a porcentagem de tuberculosos que passaram por exame de HIV no Quênia subiu de 19% em 2004 para 70% em 2007. No Maláui este aumento foi de 25% em 2004 para 83% em 2007. Em Ruanda, neste mesmo período, o aumento foi mais drástico, passando de zero para 89%.
Raviglione e outros especialistas pedem o fortalecimento da infra-estrutura de saúde em vários países para a detecção de casos adicionais. Ele também solicitou mais pesquisas, já que é difícil utilizar os instrumentos e drogas padrões nos países pobres.
Segundo os técnicos da ONU, um investimento de US$ 19 bilhões até 2014 poderia reduzir o número de óbitos em 80%.
Sampaio, o enviado especial da ONU, disse: "Esse 'pedido de ação'
representa o próximo passo inevitável, caso queiramos de fato controlar essas duas epidemias. Se não fizermos tal coisa, a situação econômica, social e dos direitos humanos ficará muito pior do que é hoje".
Tradução: UOL
Fonte: Uol Notícias
terça-feira, 10 de junho de 2008
domingo, 8 de junho de 2008
Estrangeiros tratam Aids de graça no Brasil
da Folha Online
Reportagem da Folha deste domingo (conteúdo exclusivo para assinantes do jornal e do UOL) mostra que pacientes estrangeiros buscam o tratamento gratuito para a Aids no Brasil.
De acordo com a reportagem, um dos locais que mais recebe esses portadores da doença estrangeiros --a maior parte de Portugal e Argentina-- é o CRT (Centro de Referência e Treinamento), um ambulatório da rede pública especializado em HIV/Aids, em São Paulo. No local, eles recebem tratamento gratuito e todos os medicamentos anti-retrovirais, chamado de coquetel.
Em São Paulo, há ao menos 503 estrangeiros portadores de HIV. No Rio são 242, segundo a reportagem.
Alguns países como EUA, China e Colômbia, que estão entre as nacionalidades atendidas gratuitamente no Brasil, proíbem a entrada de portadores do HIV, mesmo que seja a turismo e por curto tempo.
Reportagem da Folha deste domingo (conteúdo exclusivo para assinantes do jornal e do UOL) mostra que pacientes estrangeiros buscam o tratamento gratuito para a Aids no Brasil.
De acordo com a reportagem, um dos locais que mais recebe esses portadores da doença estrangeiros --a maior parte de Portugal e Argentina-- é o CRT (Centro de Referência e Treinamento), um ambulatório da rede pública especializado em HIV/Aids, em São Paulo. No local, eles recebem tratamento gratuito e todos os medicamentos anti-retrovirais, chamado de coquetel.
Em São Paulo, há ao menos 503 estrangeiros portadores de HIV. No Rio são 242, segundo a reportagem.
Alguns países como EUA, China e Colômbia, que estão entre as nacionalidades atendidas gratuitamente no Brasil, proíbem a entrada de portadores do HIV, mesmo que seja a turismo e por curto tempo.
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