sexta-feira, 18 de abril de 2008

Cientistas dos EUA identificam novo vírus na Bolívia

Internacional

18/04/2008 - 18h12

Por Maggie Fox

WASHINGTON (Reuters) - Cientistas norte-americanos identificaram um novo vírus que causa sangramento e choque e que matou pelo menos um homem na Bolívia.

O vírus parece ser altamente mortífero e, como outros do gênero, tem abrigo em roedores, disseram os pesquisadores na edição de sexta-feira da jornal PLos Pathogens, da Public Library of Cience.

Eles o batizaram de Chapare arenavírus e dizem que ele está ligado a outros vírus raros que em animais têm um índice de 30 por cento de mortalidade. Mas o vírus, cujo nome faz referência ao rio Chapare, no sopé dos Andes, possui uma genética distinta. "É um vírus muito singular e nós estamos sugerindo que ele pode ser uma nova espécie de arenavírus", disse por telefone Stuart Nichol, do centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, que ajudou nos estudos com o vírus.

A vítima, de 22 anos, foi uma das muitas a morrer de febre hemorrágica perto de Cochabamba, na Bolívia. Uma equipe de autoridades sanitárias bolivianas e peritos da marinha dos EUA radicados em Lima, Peru, colheram as amostras.

Nicho disse que o vírus já existia anteriormente. "Não se trata de algo que repentinamente sofreu uma mutação para um novo vírus. É um vírus descoberto recentemente."

Médicos inicialmente pensaram que o paciente tinha dengue ou febre amarela, causados por dois vírus completamente diferentes, mas que também causam febres hemorrágicas.

"Ele passou por alguns dias por uma espécie de doença bem parecida com resfriado, com dores de cabeça, febre e dores musculares. E piorou rapidamente para o estado de choque e o sangramento", disse Nichol.

Geralmente, o sangramento não é muito intenso no princípio, marcado inicialmente por manchas avermelhadas ou pequenos sangramentos na pele e nos olhos.

"Você começa a ver o sangramento no nariz, na boca e nas gengivas."

Mas a doença não é tão feroz quanto nos filmes e nos relatos ficcionais, segundo Nichol.

O novo vírus é provavelmente carregado por um roedor, como a maioria, e não representa uma ameaça generalizada.

Nichol disse querer alertar médicos nas áreas afetadas para assegurar que eles estejam alertas. "Nós provavelmente estamos ignorando muitas das infecções desse tipo que ocorrem nessas comunidades."

Uma equipe enviada ao local não conseguiu descobrir muito mais sobre o vírus. "Há muitos problemas políticos. Essa é uma das principais regiões produtoras de coca na Bolívia."

UOL

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Bactéria que afeta crianças preocupa britânicos

14/04/2008 - 17h59

Da BBC Brasil
Estatísticas das autoridades britânicas sugerem que um tipo de bactéria que provoca pneumonia e meningite em crianças está se alastrando na Inglaterra e no País de Gales.

A introdução de uma vacina contra a bactéria pneumococos em 2006 havia reduzido dramaticamente a quantidade de infecções em crianças.

Mas o número de casos provocados por uma variedade da bactéria contra a qual a vacina não tem efeito parece estar crescendo, dizem os especialistas.

As novas estatísticas foram apresentadas durante uma conferência anual da faculdade Royal College of Paediatrics and Child Health, em York, na Inglaterra.

Segundo os médicos, infecções pela bactéria pneumococos também estão aumentando nos Estados Unidos e novas vacinas estão sendo desenvolvidas.

A vacina antipneumocócica oferecida hoje a crianças com dois e quatro meses de idade, com outra dose de reforço aos 13 meses, é eficaz contra sete variedades da bactéria, cujo nome científico é Streptococcus pneumoniae.

Queda

Segundo dados da Agência Britânica de Proteção à Saúde (HPA, na sigla em inglês), houve uma grande queda no número de crianças sofrendo de doenças graves como resultado de infecção por pneumococos desde que a vacinação teve início.

Mas novas informações apresentadas na conferência revelaram um aumento em infecções provocadas pela bactéria pneumococos do serotipo 1, que não é coberta pela vacina.

O pediatra David Spencer, de Newcastle, no nordeste da Inglaterra, vem monitorando casos de empiema - condição associada à pneumonia onde ocorre o acúmulo de pus na cavidade em torno no pulmão.

Ele verificou que a maioria dos casos de empiema é provocada pelo pneumococos do serotipo 1.

Spencer calcula que haja hoje cerca de mil casos da doença por ano no Reino Unido, em comparação com apenas uns poucos no início da década de 90.

"O serotipo 1 continua crescendo e provavelmente os fatores (que explicam isso) são melhores registros, mas também um aumento genuíno porque ela (esta variedade) não é coberta pela vacina", disse Spencer.

"De maneira geral, houve benefícios dramáticos com a vacinação, mas estamos trabalhando em um terreno em constante movimento e o monitoramento vai nos ajudar a planejar para o futuro", acrescentou.

Testes

Estão sendo fabricadas duas vacinas que protegeriam contra o serotipo 1 e acredita-se que estas vacinas já estejam disponíveis no mercado dentro de alguns anos.

Um porta-voz da Agência Britânica de Proteção à Saúde afirmou que a experiência de outros países, como os Estados Unidos, mostrou que é esperado que algumas variedades do pneumococos não cobertas pelas vacinas fiquem mais comuns.

"Atualmente existem mais de 90 tipos conhecidos do pneumococos e a vacinação protege apenas contra os sete tipos mais comuns, que circulam no Reino Unido", afirmou o porta-voz.

"O sorotipo 1 estava aumentando antes da introdução de uma vacina conjugada contra o pneumococos, então ainda é cedo para afirmar se esta tendência aumentou devido à introdução da vacina", acrescentou.

Uol Ciência e Saúde